quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A ESQUIZOFRENIA DO TEMPO.

Eu tenho quase 53 anos e muitas histórias para contar, diz meu pensamento reducionista, como se minhas experiências diante da vida fossem enormes e cansativas. Mas elas são nanicas e nem sempre monótonas.

É claro que vivi dias de me sentir um senhor já caduca; quando não uma criança prestes a chorar por qualquer coisa das mais bobas. E não sou uma nem outra; sou o meio termo vagando entre a metade de século – que faço em breve – e uma eternidade de tempo que pode acabar hoje. De qualquer forma isso me atinge, ora sem afligir ora afligindo. Não há de ser, porém, a crise dos cinquenta, sobretudo porque ainda não se completou.

Talvez eu tenha vivido da forma mais espontânea todas as emoções, sem espaço para atrasos e arrodeios. Ou talvez aprendido a mentir descaradamente, até sentimentos. Com quarenta e poucos anos já não nos achamos os donos da verdade que a adolescência pleiteou à custa de revoltas frágeis e impensadas. Aliás, olhando tudo como está agora, pareço muito distante da época em que fui adolescente – e que surpresa ainda ter espinhas na cara.

Por outro lado, a infância se foi e não sinto que faz tanto tempo assim. Ontem eu era um menino tímido que precisava da mão de alguém para atravessar a rua, fazia deveres de casa e levava a merenda na lancheira. Na verdade, não há tanto o que contar, mas ainda é a minha vida inteira.

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