quinta-feira, 18 de agosto de 2011

TSUNAMI MENTAL.


Umas idéias impróprias vieram à minha cabeça. 

Não tinha mais idade para aquilo. Meia idade não o autorizava a meios pensamentos. Ele queria pensar por inteiro. Inteiro, era assim que desejava manter o pensamento que se quebrava a todo instante. 

Lembrou que tinha de partir, não havia esquecido. A lembrança vem ao seu auxílio, quis o socorrer, antes que se desfragmentasse por inteiro. Todavia, chegou tarde, e os pensamentos desmoronavam feito castelo de areia quando vai de encontro ao mar. O tremor percorreu-lhe o corpo, até que caiu. 

Caiu de bruços, corpo inerte, como se fora acertado às costas. Agora ele beijava o chão, enquanto lágrimas generosas regavam o assoalho infértil. Estava velho. A idade corroeu-lhe o corpo, roubou-lhe a força, tinha de agüentar.

Antes tivesse simplificado tudo quando jovem, quando sentia mais empatia pela morte, quando a impulsividade ainda lhe autorizava estourar os miolos. 

Velho, não. Não podia e não devia meter a faca na barriga e cuspir as tripas, enquanto a dor promoveria a redenção. Não pode, nem quer. Mesmo que quisesse, já não encontraria forças para isso.

Simplesmente, ficaria ali, deitado, esperando o tempo passar, a força retornar, o pensamento desfragmentado outra vez se auto-reconstituir. 

Mas se o tempo deixasse de existir, a força se negasse a regressar e o pensamento não quisesse aparecer por inteiro...


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